SALÁRIO MÍNIMO NÃO COMPRA NEM 2 CESTAS BÁSICAS
quinta-feira, 06/01/22 11:53Foto: Freepik
De acordo com um cálculo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo deveria ser de R$ 6.000, mas o novo piso salarial, aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), é de R$ 1.210,44, cerca de cinco vezes menor que o necessário para movimentar a economia do País.
O cálculo se baseia nas necessidades básicas de uma família com quatro pessoas, considerando os direitos enumerados pela Constituição: alimentação, educação, moradia e transporte. No entanto, o próprio Dieese entende que esse valor, no momento, é inalcançável. Desde 2020, nenhuma categoria que tem rendimentos atrelados ao salário mínimo recebeu ganhos reais. Para este ano, mais uma vez, o salário mínimo mal teve a recomposição da inflação. “Na prática, isso significa que as pessoas vão viver pior, vão comprar menos mercadorias. Para a economia do País isso também é ruim, porque significa menos consumo”, comenta o professor de economia da ESPM Leonardo Trevisan.
Nos cálculos da entidade, não conceder ganhos reais aos salários freia toda a economia do País. De acordo com o Dieese, salários maiores estimulam o consumo e também aumentam a arrecadação. O salário mínimo do Brasil é hoje o segundo menor entre os 38 países integrantes e parceiros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A remuneração brasileira só está na frente do México. O primeiro colocado, com o maior salário, é a Austrália.
Cesta básica
Composta por 13 itens, a cesta básica tem valor que varia em todo o País. Na maioria das capitais, o preço é mais alto que a metade do novo salário mínimo.
A capital com a cesta básica mais barata é Aracaju, onde é vendida por R$ 473,26. A mais cara foi encontrada em Florianópolis, por R$ 710,53. Os dados são de novembro de 2021 e, na ocasião, representavam 46,5% e 70% do salário mínimo, respectivamente.
Uma família, no entanto, não tem apenas a alimentação na conta do mês. 1 salário é o suficiente para encher apenas 3 vezes 1 tanque de carro de 60 litros com gasolina, por exemplo.
O reajuste real do salário mínimo torna-se ainda mais necessário considerando os preços no Brasil atualmente. O Dieese avalia que, diante dos aumentos de preços, os trabalhadores que ganham menos são os mais prejudicados. Atualmente, 56 milhões de brasileiros têm rendimento referenciado no salário mínimo. “Aqueles trabalhadores com renda muito próxima ao salário mínimo foram os mais afetados com o rebaixamento drástico do poder de compra”, afirma a entidade.
Fonte: SINJUS-MG com informações da TV Cultura e do Diap