PEC 32

REFORMA ADMINISTRATIVA ESTIMULA CORRUPÇÃO NO BRASIL

sexta-feira, 02/07/21 15:14

Vimos, recentemente, dois casos de possíveis irregularidades envolvendo dinheiro público virem à tona por meio de denúncias feitas por servidores públicos.

No primeiro, o delegado da polícia federal Alexandre Saraiva apresentou denúncia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 14 de abril, contra o agora ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e contra o senador Telmário Mota (PROS/RR). A acusação, que envolve três crimes (obstrução da fiscalização ambiental, advocacia administrativa e embaraço à investigação), decorreu de investigação que culminou com a apreensão de mais de R$ 130 milhões de madeira ilegal no final de 2020. Como servidor público concursado, o delegado afirmou não temer represálias por ter estabilidade.

No segundo, após o irmão, Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, denunciar no final de junho a tentativa de superfaturamento na compra da vacina indiana Covaxin, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) disse à CPI da COVID-19 que reviu posições passando a ser “contra a reforma administrativa porque se não fosse a estabilidade o meu irmão não estaria aqui sentado, com a coragem que ele tem, de denunciar isso tudo que está ocorrendo. A estabilidade, para o funcionário público, é a garantia de que eles não podem ser coagidos”.

A pergunta que precisamos fazer é: se a PEC 32/2020, da Reforma Administrativa, estivesse em vigor, esses episódios se tornariam públicos?

Desde o envio da proposta ao Congresso Nacional, em setembro passado, o governo alardeia que a PEC não afeta os servidores atuais. Isso é falso. A reforma administrativa os impacta profundamente em, pelo menos, sete aspectos, incluindo o fim do regime jurídico único e a criação de um “regime de extinção”. Mas vamos nos concentrar aqui na estabilidade. Com as alterações propostas, os servidores atuais poderão ser demitidos por decisão de órgão colegiado, mesmo antes do trânsito em julgado. Para os futuros servidores, na maioria dos casos, com a criação de novos vínculos precários com a administração, não haverá estabilidade.

A PEC também autoriza expressamente, no caso dos novos cargos de liderança e assessoramento – substitutos dos cargos de direção atuais –, a demissão por razões político-partidárias, ou seja, institucionaliza a perseguição nos órgãos públicos. Esses cargos, que hoje são ocupados, em grande parte, por servidores de carreira, serão ocupados por pessoas estranhas ao serviço público, indicadas sem nenhum critério. Apenas na União os cargos de liderança e assessoramento totalizarão cerca de 90 (noventa) mil postos, podendo chegar a mais 1 (um) milhão nos três níveis de governo.

Além de permitir o aparelhamento do Estado e enfraquecer o servidor no exercício de suas funções e do interesse público, a PEC 32/2020 facilita a captura do Estado por interesses privados ao ampliar, sem qualquer previsão de controle, as modalidades de parcerias entre governo e iniciativa privada na prestação de serviços de saúde, educação e assistência.

Mais ainda, a despeito da recém aprovada Lei 13.934/2019, que versa sobre autonomia e contratos de desempenho na administração pública, e da nova Lei de Licitações, a reforma administrativa prevê mais autonomia para os órgãos da administração na gestão e exploração de patrimônio próprio e na criação de procedimentos específicos para a contratação de bens e serviços, contribuindo para a multiplicação desordenada de submundos jurídicos, orçamentários e financeiros dentro do próprio Estado.

É por essas razões que a Nota Técnica no 69/2021 da Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle do Senado Federal conclui pelo impacto fiscal adverso da PEC 32/2020, decorrência direta do aumento da corrupção em todas as esferas de governo.

Se opor ao privatismo da PEC 32/2020 não é questão apenas ideológica. Tal como desenhada, a reforma administrativa do governo Bolsonaro estimula a corrupção no Brasil, contribui para a desorganização da administração (até as escolas de governo são retiradas da Constituição Federal!) e termina por comprometer aquilo que supostamente pretende melhorar, a eficiência e integridade do gasto público bem como as entregas à população.

Fonte: Portal Jota

Notícias relacionadas

DESMONTE PEC 32 VAI AMPLIAR TERCEIRIZAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO sexta-feira, 02/07/21 15:37 BRASÍLIA — A reforma administrativa, que mexe com as regras do funcionalismo, pode ampliar as possibilidades de terceirização de serviços públicos, na avaliação de especialistas. Um trecho da proposta prevê que serviços prestados pelo Estado possam ser desempenhados por ... leia mais
CONGRESSO RELATOR DA PEC 32 QUER PRIORIDADE PARA PROJETO CONTRA SUPERSALÁRIOS sexta-feira, 02/07/21 17:11 O deputado Arthur Maia (DEM-BA), relator da reforma administrativa na comissão especial da Câmara, defendeu nesta quinta-feira (1º) que, antes de o plenário da Casa apreciar o texto, vote o projeto que acaba com os supersalários do funcionalismo. O projeto regulamenta dispositivo ... leia mais

Últimas notícias

ver mais
Fachada do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), com letreiro em destaque na parte inferior da imagem. Acima do prédio, há um relógio digitalmente inserido na imagem, com moldura vermelha e ponteiros marcando aproximadamente 9h05. No canto superior direito, há um crédito de imagem com o texto PORTARIA APÓS SOLICITAÇÃO DO SINJUS, TJ CRIA GRUPO PARA REGULAR JORNADA DE 8 HORAS sexta-feira, 21/02/25 18:36 O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) publicou, nesta sexta-feira, dia 21 de ...
As imagens mostram uma reunião formal com os integrantes do SINJUS, do SERJUSMIG, do TJMMG e da AGE em uma sala de conferências iluminada, com uma grande mesa retangular. Os participantes estão sentados e escutam atentamente. Há copos de água, celulares e documentos sobre a mesa. No fundo, grandes janelas revelam uma vista urbana. ISONOMIA SINDICATOS E TJM ENCAMINHAM ACORDO SOBRE JUROS E CORREÇÃO DAS DATAS-BASES DE 2014 A 2017 quinta-feira, 20/02/25 16:38 O SINJUS, o SERJUSMIG, o Tribunal de Justiça Militar de Minas Gerais (TJMMG) e ...
A imagem mostra os diretores do SINJUS-MG em pé, alinhados lado a lado, em um ambiente fechado. Todos usam crachás de identificação, e alguns vestem camisas com a logomarca do sindicato. Ao fundo, há uma tela branca vazia e uma mesa coberta com um tecido preto, onde estão posicionados um projetor e um notebook. Na parte frontal da sala, algumas cadeiras estão disposta. REPRESENTATIVIDADE DIRIGENTES DO SINJUS SÃO ELEITOS PARA A DIRETORIA DA FESERV MINAS quarta-feira, 19/02/25 18:48 Nesta quarta-feira, dia 19 de fevereiro, durante o 4º Congresso da Federação dos Servidores ...

Convênios

ver mais
Alessandra Zaramella Convênios Floresta . Belo Horizonte (31) 99164-5997 35 ver mais
Lua D’Kali Convênios Centro . Belo Horizonte (31) 98822-8482 http://instagram.com/luadkali 20% ver mais
Heloisa Helena Nutrição Centro . BH (31) 3213 5247 Gratuito para filiados e dependentes ver mais
Top Fale conosco