PROJETO AMPLIA CHANCES DE PESSOAS NEGRAS NA ADVOCACIA
quarta-feira, 19/01/22 13:48Foto: Pexels
Apesar dos esforços de conscientização e de inclusão no mercado de trabalho, ainda são claras as dificuldades enfrentadas pelas pessoas negras quanto às chances de emprego, principalmente em cargos que exigem formação superior. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de estudantes negros no ensino superior subiu de 21,9% em 2001 para 43,7% em 2015, mas, ainda assim, menos de 3% de mulheres e homens negros alcançam cargos de diretoria ou gerência no Brasil.
Mesmo quando o acesso se dá, a adaptação pode ser difícil. Pesquisa feita pela plataforma de empregos Indeed, em conjunto com o Instituto Guetto, aponta que somente 47,8% dos profissionais negros possuem um sentimento de pertencimento em relação às empresas em que trabalham. É para ampliar o acesso e a inserção dessas pessoas no mercado da advocacia que foi criado pelo Centro de Estudos das Sociedades de Advogados (Cesa), em 2016, o Projeto Incluir Direito, prática premiada na categoria Advocacia do 18º Prêmio Innovare.
O projeto começou com a Universidade Mackenzie, campus Higienópolis, e hoje já está presente na unidade de Campinas, além da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ) e na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). E já conta com projetos de expansão para o Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Bahia.
Como funciona
Sem fins lucrativos, o Cesa desenvolve, junto com as universidades, um projeto pedagógico no qual alunos e alunas passam por aulas para desenvolver diversas habilidades, tais como postura profissional, estratégias para participar de processos seletivos, formas de lidar com situações difíceis em ambientes competitivos, reforço de habilidades de leitura, interpretação e produção de textos, cursos de língua estrangeira, além de reflexões sobre a desigualdade racial e a importância da diversidade para realização de uma sociedade mais igualitária e democrática. Ao final do período do projeto, como contrapartida, estudantes se comprometem a participar de pelo menos três processos seletivos dos escritórios de advocacia patrocinadores, vinculados ao Cesa.
Já pelo lado dos escritórios de advocacia afiliados, o Projeto estimula que as sociedades de advocacia se conscientizem sobre eventuais barreiras internas em suas estruturas que precisam ser repensadas para receber esses estudantes. Além de inserir profissionais negros e negras nos escritórios jurídicos, o projeto gera mudança na estrutura e cultura organizacional, contribuindo para a composição de equipes de trabalho mais diversas e para o rompimento de paradigmas e preconceitos.
Fonte: Agência CNJ de Notícias