NARGES MOHAMMADI, VOZ DA REVOLUÇÃO FEMININA NO IRÃ, GANHA NOBEL DA PAZ
sexta-feira, 06/10/23 18:59Um dos prêmios mais importantes da atualidade, o Prêmio Nobel da Paz, foi atribuído nesta sexta-feira, dia 6 de outubro, à jornalista iraniana Narges Mohammadi, que luta contra a opressão às mulheres e em prol da liberdade de expressão de todos no Irã. Ela é a 19ª mulher a ganhar nessa categoria, enquanto o mesmo prêmio foi dado 92 vezes a homens.
O prêmio foi concedido cerca de um ano após a onda de protestos que começaram devido à morte da jovem Mahsa Amini após ser presa em 2022 por “uso incorreto” do véu islâmico, obrigatório no país. Milhares de manifestantes se reuniram em protestos pacíficos sob o lema “Mulher – Vida – Liberdade”. Narges Mohammadi foi uma das ativistas que mais denunciaram a brutalidade das autoridades iranianas e a hostilidade contra as mulheres.
“Em um mundo onde frequentemente vemos as mulheres enfrentando barreiras sistemáticas, o ativismo pela igualdade de gênero não é apenas necessário, mas vital. Essa luta é ainda mais arriscada em países onde não há democracia ou nos quais ela é extremamente frágil. Por isso, reconhecer a trajetória de vida e de coragem da Narges Mohammadi é tão fundamental, visto que ela mesma vem sofrendo as consequências do seu engajamento por direitos iguais”, ressalta a coordenadora do Núcleo das Mulheres do SINJUS-MG Adriana Teodoro.
Mohammadi luta não apenas contra a violência e repressão sofrida pelas mulheres no Irã, mas também pelo fim da pena de morte naquele país, o que causou uma de suas prisões, em 2015.
“Sua corajosa trajetória de resistência contra as adversidades, especialmente em seu trabalho incansável na defesa dos direitos das mulheres, ressoa não apenas no Irã, mas em todo o mundo. Esse Nobel da Paz lança luz sobre a contínua luta por justiça e igualdade em regiões onde a voz feminina é frequentemente silenciada. O reconhecimento a Narges Mohammadi é um lembrete de que a verdadeira paz é construída sobre os pilares da justiça, da liberdade e da dignidade humana”, completa a diretora a também coordenadora do Núcleo das Mulheres Janaína Barbosa.
Atualmente, Narges Mohammadi está presa e cumpre pena de 10 anos e 9 meses, acusada de ações contra a segurança nacional e propaganda contra o Estado. Até hoje, ela já foi condenada seis vezes à prisão e a receber 154 chicotadas.
Além de jornalista, a ativista é engenheira, casada e mãe de gêmeos. Seus filhos e marido se pronunciaram afirmando que o prêmio é um reconhecimento à sua luta incansável.
O Núcleo das Mulheres do SINJUS reforça que uma sociedade só avança e se desenvolve quando todas as cidadãs e todos os cidadãos têm igualdade de direitos, os quais são verdadeiramente respeitados. Portanto, é a cada voz levantada, a cada protesto, que se constrói um futuro mais justo e inclusivo para todas as gerações que estão por vir.
Com informações do UOL e do G1