ENDIVIDAMENTO

EXEMPLO DOS ESTADOS QUE ADERIRAM AO RRF É ALERTA PARA MINAS GERAIS

sexta-feira, 06/10/23 16:50 Imagem do mapa do Brasil no tom de verde, com um fundo vermelho escuro, no mapa há o destaque dos estados Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do sul, representados pelas suas respectivas bandeiras, em um ícone de localização na cor azul.

Defendido por muitos como a única solução para o equilíbrio das finanças dos estados, as experiências concretas envolvendo o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) apontam para o sentido oposto, cujos números registram crescimento da dívida mesmo após a adesão ao Regime. Esses são os casos do Rio de Janeiro, do Rio Grande de Sul e de Goiás, que não têm conseguido reequilibrar as contas públicas e, por isso, já tentam uma repactuação dos termos do acordo firmado com a União e até uma mudança na legislação. Entretanto, apesar de ter conhecimento dessa realidade, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), ainda persiste na tentativa de impor a adesão do estado ao atual modelo do RRF.  

Na última quarta-feira, dia 3 de outubro, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para negociar a reavaliação das regras de adesão e permanência no RRF para os estados. Essa movimentação não é a primeira tentativa de reajustar a legislação da política de repactuação e tem o apoio dos outros estados que aderiram ao Regime.

Quando se observa o cenário financeiro dos estados que aderiram ao RRF, a solicitação dos governadores se torna ainda mais clara, uma vez que, no caso dos três entes federados, a dívida com a União cresceu mesmo com a adesão ao Regime. 

O estado de Goiás, por exemplo, aderiu ao RRF em dezembro de 2021 com dívida de aproximadamente R$ 23 bilhões. Em 2022, após a implementação das contrapartidas governamentais, a dívida ultrapassava os R$ 24,56 bilhões. Durante esse período, o estado conseguiu reduzir a porcentagem de dívidas nacionais de 93,5% para 83,7%, mas, em compensação, aumentou quase metade de sua dívida em empréstimos externos: de 5,5%, no fim de 2021, para 10,2%, em 2022.

Outro exemplo marcante é o Rio Grande do Sul. Em 2017, o estado iniciou as tentativas de adesão ao RRF, quando sua dívida estava em cerca de R$ 76 bilhões. Desde então, apesar das tentativas de adequação às normas estabelecidas, o estado encerrou o ano de 2021 com uma dívida total de mais de R$ 98 bilhões. Após a adesão ao RRF, em 2022, os débitos subiram para R$ 109,73 bilhões, atingindo 199,16% do limite de endividamento estipulado para os entes federativos. Com isso, o Rio Grande do Sul alcançou a maior Dívida Consolidada Líquida do país. Vale mencionar que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) do governo federal estabelece um limite máximo de 200% das receitas estaduais para a dívida.

De maneira semelhante, o Rio de Janeiro excedeu o limite estabelecido e foi o estado com maior nível de endividamento do Brasil até 2021, quando foi ultrapassado pelo Rio Grande de Sul. Após sediar os Jogos Olímpicos de 2016, o Poder Executivo declarou calamidade financeira devido a um total de despesas de R$ 137 bilhões e uma arrecadação de apenas R$ 50 bilhões, resultando em um índice de endividamento de 269,74%. Em setembro de 2017, o estado aderiu ao primeiro modelo de RRF, com prazo de três anos. Isso impôs a privatização de empresas nos setores de energia e saneamento, a revisão de benefícios fiscais, a fixação de um limite para o crescimento das despesas e a proibição de saques de depósitos judiciais.

No entanto, contrariando as expectativas, durante esse período, o Rio de Janeiro viu seu índice de endividamento disparar para 319%. Esse cenário desencadeou um novo processo de busca por auxílio financeiro do governo, que passou por várias avaliações e rejeições até ser homologado em 2022, com dívida calculada em R$ 177 bilhões.

O risco é conhecido

Em maio deste ano, os governadores Cláudio Castro, do Rio de Janeiro, Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, se reuniram com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e entregaram um documento contendo propostas de alterações legislativas, alegando que o modelo atual não oferece a estabilidade necessária para reequilibrar as contas públicas. Entre as sugestões apresentadas estavam o aumento do prazo de duração do regime e a revisão do limite máximo de gastos. Durante essa reunião, Romeu Zema também estava presente e contribuiu para a elaboração da carta entregue ao ministro. 

Segundo o governador do Rio, os estados sentiram significativa perda de receita após a desoneração do ICMS de combustíveis, energia e transporte sancionada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2022. Esse cenário seria prejudicial para os cofres estaduais, dificultando que os compromissos firmados junto à União fossem cumpridos como o planejado. Dessa forma, o pedido do grupo é de que o valor pago ao Tesouro seja diminuído. 

Contudo, ao analisar as contas de Minas Gerais, é possível identificar que o endividamento precede a decisão. Romeu Zema encerrou o seu primeiro ano de mandato, em 2019, com um nível de endividamento em torno de 191%, totalizando R$ 130 bilhões em dívidas. Nos anos posteriores, a dívida do estado aumentou, chegando a R$ 140 bilhões em 2020 e R$ 154 bilhões em 2021. Ao término do seu primeiro mandato, no fim do ano passado, o valor devido à União já estava na casa dos R$ 159 bilhões.

A proposta de adesão ao RRF apresentada por Zema tem enfrentado críticas de especialistas e organizações sindicais pelas contrapartidas apresentadas, que indicam para um grande sucateamento do serviço público e da autonomia estadual. As entidades argumentam que os reflexos do RRF podem trazer grandes prejuízos para Minas Gerais e que o governador não tem sido transparente em relação às contas públicas do estado.  

Além disso, entidades e deputados de oposição defendem que existe a possibilidade de liquidação da dívida por meio da implementação de medidas econômicas que não tenham um impacto tão severo na sociedade, como proposto no Projeto de Lei 3.711/2022 apresentado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em junho de 2022.

Nesse cenário, o SINJUS-MG reitera seu compromisso de se opor à adesão ao atual modelo de Regime de Recuperação Fiscal, articulando junto a parlamentares estaduais e federais e se reunindo com entidades representativas para frear os danos que o RRF pode causar, não apenas à população, mas também ao serviço público e a todos os servidores. Acompanhe as atualizações dessa luta nas nossas mídias sociais! 

SINDICATO É PRA LUTAR!

Fonte: SINJUS com informações de Tesouro Nacional Transparente, Câmara dos Deputados, Senado Federal, Planalto, jornal O Tempo, jornal Correio Braziliense e Portal G1

Últimas notícias

ver mais
Fachada do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), com letreiro em destaque na parte inferior da imagem. Acima do prédio, há um relógio digitalmente inserido na imagem, com moldura vermelha e ponteiros marcando aproximadamente 9h05. No canto superior direito, há um crédito de imagem com o texto PORTARIA APÓS SOLICITAÇÃO DO SINJUS, TJ CRIA GRUPO PARA REGULAR JORNADA DE 8 HORAS sexta-feira, 21/02/25 18:36 O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) publicou, nesta sexta-feira, dia 21 de ...
As imagens mostram uma reunião formal com os integrantes do SINJUS, do SERJUSMIG, do TJMMG e da AGE em uma sala de conferências iluminada, com uma grande mesa retangular. Os participantes estão sentados e escutam atentamente. Há copos de água, celulares e documentos sobre a mesa. No fundo, grandes janelas revelam uma vista urbana. ISONOMIA SINDICATOS E TJM ENCAMINHAM ACORDO SOBRE JUROS E CORREÇÃO DAS DATAS-BASES DE 2014 A 2017 quinta-feira, 20/02/25 16:38 O SINJUS, o SERJUSMIG, o Tribunal de Justiça Militar de Minas Gerais (TJMMG) e ...
A imagem mostra os diretores do SINJUS-MG em pé, alinhados lado a lado, em um ambiente fechado. Todos usam crachás de identificação, e alguns vestem camisas com a logomarca do sindicato. Ao fundo, há uma tela branca vazia e uma mesa coberta com um tecido preto, onde estão posicionados um projetor e um notebook. Na parte frontal da sala, algumas cadeiras estão disposta. REPRESENTATIVIDADE DIRIGENTES DO SINJUS SÃO ELEITOS PARA A DIRETORIA DA FESERV MINAS quarta-feira, 19/02/25 18:48 Nesta quarta-feira, dia 19 de fevereiro, durante o 4º Congresso da Federação dos Servidores ...

Convênios

ver mais
Alessandra Zaramella Convênios Floresta . Belo Horizonte (31) 99164-5997 35 ver mais
Lua D’Kali Convênios Centro . Belo Horizonte (31) 98822-8482 http://instagram.com/luadkali 20% ver mais
Heloisa Helena Nutrição Centro . BH (31) 3213 5247 Gratuito para filiados e dependentes ver mais
Top Fale conosco