Especialistas projetam que mandato de Zema será de aprofundamento de medidas neoliberais
terça-feira, 04/10/22 16:13por Ana Carolina Vasconcelos
“A gente vive um momento em que a realidade vem perdendo importância”, afirma José Luiz Quadros. Para o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), essa constatação ajuda a explicar os motivos da reeleição de Romeu Zema (Novo) para o governo de Minas Gerais.
Com 56,51% dos votos, Zema garantiu a manutenção de sua cadeira na Cidade Administrativa ainda em primeiro turno. Em segundo lugar, Alexandre Kalil (PSD) obteve 35,08%.
Mesmo sendo criticado pelos movimentos populares por ser subserviente às mineradoras, operar uma gestão empresarial dos serviços públicos e conduzir a política de forma mais associada aos grandes empresários, o candidato do Novo ficou à frente em 659 dos 853 municípios mineiros.
Discurso x realidade
Para José Luiz Quadros, a defesa incessante da lógica neoliberal e o disparo em massa de notícias falsas ganharam destaque na corrida eleitoral.
“As eleições foram decididas com muito dinheiro, mas também com uso de mecanismos sofisticados de criação de fake news, apresentando coisas antigas como se fossem novas. Vejo a reeleição dele muito vinculada a isso. Porque, se formos observar a realidade do estado, ela não é boa”, afirma.
O professor ainda enfatiza que a disputa mobilizou sentimentos negativos em parte da população, como ódio e raiva. “Esses sentimentos são mobilizados por Jair Bolsonaro e seus apoiadores. No caso de Zema, ainda se soma uma outra ficção: o combate ao Estado”, completou.
A projeção feita por José Luiz Quadros é de que a aposta de Zema para seu segundo mandato será o aprofundamento de medidas de desmonte do Estado e de venda do patrimônio público. “Essa promessa neoliberal é apresentada por Zema como algo novo, mas na verdade é elitista, antiga e excludente”, destaca.
Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Minas Gerais, Jairo Nogueira, o partido de Zema quer lançá-lo como candidato à presidência do Brasil, em 2026, e irão tentar a todo custo aplicar bem o seu programa privatista em Minas.
“Eles vão tentar fazer de Minas um laboratório do Partido Novo e mostrar para a população que a lógica deles é a melhor. Mas nós sabemos que essa forma de governar não atende à população”, afirma Jairo.
Inabilidade política
Como um dificultador, o sindicalista destaca que, ainda que o governador deva continuar tentando avançar na privatização das estatais estratégicas de Minas, como a Cemig e a Copasa, a inabilidade política do gestor acaba se tornando um empecilho.
“Ele não consegue dialogar com deputados, nem com os movimentos, nem com os sindicatos. Ele tenta fazer as coisas como se o Estado fosse uma empresa. Mas na política não é assim. Ele tem pouca habilidade para as negociações. A privatização da Cemig e da Copasa, por exemplo, passa pela Assembleia Legislativa e por referendo popular”, argumenta.
Edição: Larissa Costa
Fonte: Brasil de Fato MG