Autonomia e cuidados na terceira idade

quinta-feira, 23/06/16 18:05

*Por Débora Guizoli

Desde que nascemos somos seres dependentes e necessitamos de cuidados. Passamos pela infância, adolescência até chegarmos à fase adulta que nos possibilita tomarmos nossas decisões sobre a vida. Quando alcançamos a terceira idade, é comum nos tornarmos mais dependentes e precisarmos de cuidados. Mas necessitarmos de cuidados e atenção do outro não significa perdermos o direito à autonomia quando nossa capacidade cognitiva está preservada.

Autonomia é a nossa capacidade de decidir e governar nossa vida. Está relacionada à liberdade do indivíduo em se expressar e decidir sobre si. O ser humano necessita de autonomia para sentir-se bem consigo mesmo. Perder autonomia pode gerar problemas mentais e físicos prejudicando assim o bem estar geral do idoso.

Devemos ficar atentos quanto à relação entre a dependência física e sua relação com a autonomia. Ser dependente físico, precisar de ajuda para se locomover, utilizar bengalas entre outros equipamentos, não significa perder autonomia, ou seja, perder a capacidade de conduzir a própria vida. A pessoa com dificuldades motoras, mas com a mente preservada pode exercer satisfatoriamente um papel importante no próprio desenvolvimento em busca de uma vida melhor. Mas é comum a sociedade confundir dependência física com a dependência na tomada de decisões impossibilitando o idoso de decidir questões sobre a própria vida. Dentro deste raciocínio, em algumas circunstâncias, superprotegemos o idoso impedindo que ele se desenvolva no ambiente em que vive aumentando ainda mais sua dependência.

Nesta perspectiva, familiares e profissionais que acompanham o idoso, devem possibilitar a ele o apoio necessário para que consiga dentro das próprias possibilidades exercerem as atividades básicas diárias, como tomar banho, escovar os dentes, se alimentar, cozinhar, sair de casa, pagar contas, etc, preservando assim a individualidade do sujeito. O excesso de cuidados pode inibir comportamentos e impedir que o idoso conquiste mais independência nas tarefas rotineiras provocando mais dependência em relação ao ambiente em que vive o que trará posteriormente prejuízos físicos e mentais.

Por outro lado, nós como seres humanos, devemos entender que somos seres necessitados de cuidados em todas as fases da vida. Na fase adulta, por exemplo, quando ficamos doentes, necessitamos de alguém que cuide de nós até que a saúde se restabeleça. O idoso deve, portanto, tentar aceitar de maneira natural a necessidade de ser cuidado por alguém em alguns momentos da vida. A aceitação do cuidado facilita o relacionamento entre familiar, idoso e profissional.

Portanto, devemos estar atentos na relação entre família, profissional e idoso de maneira empática, isto é, cada um deve colocar-se no lugar do outro.  Saber os limites, respeitar as escolhas do sujeito e sempre que possível, incentivar o idoso no ambiente em que ele reside, promovendo ações que o estimule e permita sua autonomia.

Débora Guizoli

Psicóloga (CRP 04/31433)

(Instrutora de Memória Ativa)

Pós-graduanda em Gerontologia pela PUC/MG

[email protected]

www.memoriaativa.com.br

Débora Guizoli

É psicóloga, com pós-graduação em Gerontologia pela PUC Minas. Atua como Instrutora da Memória Ativa no SINJUS-MG. Possui experiência com trabalhos em grupo focados em Estimulação Cognitiva e Desenvolvimento Humano.

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