ASSEDIO SEXUAL E ASSÉDIO MORAL

quinta-feira, 25/10/12 16:35
       O assédio moral, muitas vezes, acontece com a mulher que negou o assédio sexual, ou, após término de um envolvimento afetivo/sexual. A mulher ao negar transformar-se em objeto sexual mantém sua dignidade, mas começa a sofrer o assédio moral, de forma perversa, uma vingança do homem que não respeita o ser feminino.
      O assédio pode ser horizontal – entre colegas, e vertical – exercido pela chefia. Em todo assédio moral há sempre uma questão ligada a não aceitação da diferença – gênero, idade, raça, religião, competência, estética, entre outros.
      O feminino é objeto de ataques nos pontos vitais da mulher – como a questão da menstruação e da gravidez. As pesquisas científicas já colocam a TPM como causadora de vários sintomas nas mulheres, e neste momento de transformação hormonal, o assediador entra em ação. Por outro lado, na gravidez a mulher é questionada no seu desejo de ser mãe, é assediada na sua intimidade, como se o trabalho fosse mais importante que a vida, criando assim um sentimento de culpa durante a gravidez, na licença maternidade e na volta ao trabalho. Neste período além do assediador, alguém do grupo valida o discurso de que ela “abandonou” os colegas, insistindo na sua volta, e que “o chefe não esta nada satisfeito com sua gravidez”.
      Na volta ao trabalho, a mulher é novamente assediada, pois é exigido dela evitar ter mais filhos, para “não prejudicar mais o trabalho da equipe”. Piadinhas, como: “nunca ouviu falar de pílula”; “descansou muito”; “você engordou…”  – são comuns, causando baixa auto-estima na mulher vítima de assédio moral. O assediado é ridicularizado por aspectos subjetivos de sua personalidade.
    A mulher ao sofrer o Assédio Moral começa a questionar sua subjetividade. Não percebendo ser vítima de assédio moral acha que o problema se deve ao fato dela ser feia, ou gorda ou velha – questões que não tem relação com seu trabalho, mas com o seu corpo e sua subjetividade.  As vítimas de assédio moral mantêm um sentimento de terem sido rejeitadas, maltratadas, desprezadas, humilhadas.
            O mal causado pelo assédio moral é irreversível, em muitos casos, causando paranóia, psicose maníaco-depressiva, fragmentação psíquica e desequilíbrio emocional.   É fundamental que esta prática seja evitada para não provocar conseqüências graves no trabalho e na saúde do trabalhador.
     
 
 Arthur Lobato
    * Psicólogo, Coordenador da Comissão de Combate ao Assédio Moral no Trabalho em sindicatos de trabalhadores

Arthur Lobato

É psicólogo da área de saúde do trabalhador. Integra a equipe da Comissão de Assédio Moral do SINJUS-MG. Participou de Congressos Internacionais sobre o tema no Brasil, Argentina e México. Sócio colaborador da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT).

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