Assédio Moral: o Assediador

terça-feira, 09/10/12 14:00

* Arthur Lobato

No assédio moral é sempre importante lembrar a questão da repetição, da sistematização e da intencionalidade do ato de assediar. Estes três elementos, além da não aceitação da diferença do “outro”, comprovam o ato de assediar moralmente.

Geralmente o assédio é praticado por chefes ou subchefes, às vezes cumprindo “determinação superior”, ou seguindo um plano de metas impossível de ser alcançado, mas muitas vezes agindo por conta própria.

Além do assediador (aquele que exerce o assédio), alguém no grupo valida o assédio, ridicularizando a vítima, agindo “pelas costas”, referendando o discurso do assediador sobre a vítima, quase sempre uma pessoa competente ou questionadora. No entanto, pode acontecer o assédio moral entre grupos de funcionários que se unem em busca de poder e exclusão de outros funcionários.

O objetivo do assediador é desestabilizar psiquicamente, emocionalmente e profissionalmente um funcionário após um extenuante processo de assédio moral, transformando a vítima em alguém que se sinta incapaz, incompetente, desmotivado, o que justifica a demissão, perda do cargo de chefia, ou mudança de setor.

Na execução do assédio moral existe a ambivalência do discurso do assediador, sempre com duplo sentido, e a negação da verdade. As reprimendas são constantes assim como as múltiplas pequenas agressões, zombarias, sobrecarga de tarefas, sem que haja tempo hábil de executá-las ou retirada de tarefas e funções, e falta de condições materiais de trabalho (computador, mesa, telefone,…). As observações são sarcásticas, irônicas, cáusticas, há uma crítica sistemática do trabalho, recados e avisos não são repassados e muitas vezes como forma de humilhação há o desvio de função.

A vítima é vigiada, pressionada e aos poucos vai sendo isolada do grupo e do processo produtivo. Ridicularizada por aspectos subjetivos de sua personalidade, criando dúvidas e queda da autoestima. Com a falta o apoio do grupo de trabalhadores é cada vez maior o isolamento da vítima. Pressionada, a vítima de assédio moral adoece. As faltas no serviço e licenças médicas servem como munição para o assédio continuar. Por outro lado, o assediador nega e deturpa os fatos, evidencia os erros, criando uma imagem de incompetência da vítima.

Na próxima edição trataremos do sofrimento psíquico da vítima de assédio moral e a seguir as formas de defesa para quem é assediado.

* Psicólogo da comissão de combate ao assédio moral no Sinjus, Serjusmig e Sitraemg.
Artigo publicado no jornal Expressão Sinjus Nº 160, em 7 de abril de 2008 
 

Arthur Lobato

É psicólogo da área de saúde do trabalhador. Integra a equipe da Comissão de Assédio Moral do SINJUS-MG. Participou de Congressos Internacionais sobre o tema no Brasil, Argentina e México. Sócio colaborador da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT).

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