A toalha
quinta-feira, 06/04/17 17:35Autora: Maria Lúcia Teixeira Lino
Éramos cinco irmãos. A primeira filha, bonita e catita; a segunda, inteligente e perspicaz; já o terceiro, único varão, era o xodó da família; a quarta, sapeca como ela só e, a quinta, manhosa e pirracenta.
Por que essa história de irmãos? Por que desencavar tanto passado? Amor verdadeiro não se estraga. É para sempre.
Éramos crianças de pés no chão; não por falta de sapatos, mas porque assim vivíamos.
Dez, vinte, quarenta, sessenta e poucos anos se passaram…
Na mesa de jantar, abro a toalha bordada por ela. Como é que uma simples toalha é capaz de trazer tanta recordação? Porque fez história; é a prova real e dos nove de que as mãos e a inteligência dela estiveram ali por muito tempo. Essa toalha tem alma no momento em que se lhe imprime afeto.
Meus irmãos, agora todos septuagenários, como eu, virão almoçar e trarão seus filhos.
Em 09 de junho de 2004 foi o súbito, foi a guinada na Vida… Reconhecemos a perda, inauguramos outra saudade.
Como diz Francisco Azevedo no seu livro “O arroz de Palma” : “Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete.”
Éramos cinco irmãos…
Inspirado na obra de Francisco Azevedo – “ O arroz de Palma”