A importância do Núcleo de Saúde Sindical

segunda-feira, 13/04/15 17:00

Por Arthur Lobato



Faz parte do plano de lutas do Sinjus-MG, aprovado em congresso e referendado em reunião de diretoria, o trabalho de prevenção e manutenção da saúde do servidor e o combate à violência no ambiente de trabalho, seja ela física, emocional, ou psíquica.

A saúde do servidor foi encampada como luta sindical em prol do coletivo de trabalhadores. O Plano Nacional de Saúde e Segurança do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSST)  referenda a necessidade dos sindicatos se empenharem na luta em benefício da saúde do servidor. Assim, o SINJUS-MG propõe à categoria, juntos, viabilizar uma política em benefício da saúde do servidor, seguindo o modelo da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, que em seu Artigo 8º, enfatiza a “análise da situação de saúde dos trabalhadores; intervenção nos processos e ambientes de trabalho; e participação dos trabalhadores e suas organizações”.

Dados da Pesquisa de Saúde do Servidor realizada pelo Sintrajufe/RS, com o   médico do trabalho Rogério Dornelles (assessor de saúde do sindicato), serviram de base para o documento final do I Encontro Estadual de Saúde dos Trabalhadores do Judiciário Federal promovido pelo Sintrajufe/RS, com apoio da Federação Nacional dos Servidores Federais (Fenajufe), em 2012. Uma das constatações da pesquisa é que os problemas de adoecimento no trabalho foram agravados nos locais onde o processo eletrônico já foi implementado, o que ficou registrado com a publicação da carta de Porto Alegre, documento que manifesta preocupação com a saúde e as relações de trabalho.

Cabe lembrar que o processo eletrônico já é uma realidade na Justiça Federal e que as conclusões são preocupantes: “o processo eletrônico demonstra, até o momento, um significativo agravamento das condições de saúde física e mental dos servidores submetidos a essa nova organização do trabalho… Na Justiça Federal de 1º grau, 83,3% afirmaram ser mais difícil ler no monitor, identificando o cansaço, a impossibilidade de marcar o texto, a extensão do texto, a monotonia e a dificuldade de concentração como motivos principais para a maior dificuldade de leitura".

Como está a implementação do processo eletrônico no TJMG? O que pode ser feito para melhorar este procedimento? Quais as dificuldades, e qual relação do processo eletrônico com a saúde do servidor?

Para abordar esse tema será realizado em abril uma “roda de conversa” sobre o trabalho, com a temática: Processo Judicial Eletrônico, buscando neste encontro, entre servidores, servidoras e diretoria de saúde, uma  reflexão desta metodologia de trabalho e suas consequências sobre a saúde do servidor e da servidora. O encontro também terá minha participação, para escutar o saber dos trabalhadores. É mais uma atividade do Núcleo de Saúde Sindical.

Frente aos novos procedimentos tecnológicos, que causam mais um desgaste mental, vale reforçar a importância  de se manter a jornada de 6 horas, pois é muito elevado o índice de absenteísmo dos servidores e servidoras, além do prejuízo para o TJMG, conforme relatou Robert França em seu artigo: Trabalho e Saúde precisam ser uma prioridade institucional. “Para termos uma ideia, o custo financeiro do absenteísmo para o TJMG foi estimado em R$50.857.290,00, o que representa um crescimento de 0,81% se comparado a 2012. Em relação às causas de afastamento, 41% dos dias de licença saúde estão relacionados a transtornos mentais (23,7%) e doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo (17,3%)”.

Portanto, é essencial uma reflexão, com o saber do trabalhador, para que o SINJUS-MG encaminhe propostas concretas para prevenir e impedir o aumento de casos envolvendo o adoecer do servidor e da servidora.


 

Arthur Lobato

É psicólogo da área de saúde do trabalhador. Integra a equipe da Comissão de Assédio Moral do SINJUS-MG. Participou de Congressos Internacionais sobre o tema no Brasil, Argentina e México. Sócio colaborador da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT).

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