REPARAÇÃO HISTÓRICA CONTRA O RACISMO É TEMA DE CURSO APOIADO PELO SINJUS
terça-feira, 25/07/23 19:27A história do Brasil carrega consigo cicatrizes profundas de um passado marcado pela exploração e negação dos direitos de negros e negras. Por isso, no último sábado, 22 de julho, o SINJUS-MG, por meio do SINJUS Antirracista, apoiou a realização do curso de formação promovido pelo Coletivo Minas Pró-Reparações. O encontro contou com a presença de importantes nomes do movimento negro e surgiu como uma perspectiva necessária para compreender e enfrentar as injustiças que foram cometidas ao longo dos séculos. O Sindicato foi representado pelos membros do coletivo SINJUS Antirracista: o diretor de Assuntos Sociais, Culturais e de Saúde, Jonas Pinheiro, o diretor de Imprensa e Comunicação, Alexandre Gomes, e a servidora do TJMG, Cleonice Amorim.
Na realidade, o que aconteceu foi exatamente o contrário.
“Ao invés de adotar políticas de inclusão e valorização dos negros, o Brasil investiu em um plano político de marginalização de africanos e afro-brasileiros, além de planejar o embranquecimento da população. Por meio de ações estratégicas, a vinda de imigrantes europeus ao país foi amplamente incentivada, concedendo-lhes incentivos fiscais e terras para se estabelecerem. Essa política tinha o objetivo de alterar a composição demográfica, tornando a população mais branca e buscando assimilar aspectos culturais europeus, em detrimento das culturas e tradições africanas trazidas pelos negros escravizados”, apontou Diva, que trouxe uma exposição de todo o contexto histórico.
Essa marginalização histórica e a falta de oportunidades criaram uma profunda desigualdade social que ainda persiste atualmente. Os negros foram cerceados de direitos, relegados a condições precárias e desprovidos de oportunidades para o desenvolvimento pessoal e profissional.
“A trajetória dessa problemática está cercada por uma série de desafios enfrentados na implementação de políticas governamentais na luta contra a marginalização e a discriminação racial. A questão transcende o âmbito social e assume também uma complexidade política e tem enfrentado resistência considerável dentro desses setores governamentais”, analisou a diplomata e subchefe do Escritório de Representação do Itamaraty em São Paulo, Irene Vida Gala, que contribuiu com a perspectiva governamental da questão.
Debate necessário
Buscando a adoção de medidas que promovam a inclusão efetiva dos afrodescendentes, os debates sobre reparação histórica têm se tornado centrais no cenário político, demandando perseverança na aplicação de políticas de ações afirmativas que visam incluir e oferecer oportunidades a essa parcela da sociedade. Um exemplo disso é a Lei de Cotas, a qual tem sido continuamente contestada e alvo de críticas e ataques direcionados à reserva de vagas raciais.
A reparação histórica não é uma tentativa de reescrever a história, mas sim de reconhecer as injustiças do passado e construir um futuro mais inclusivo para todos e todas. É essencial compreender que a promoção da inclusão da população negra não é uma tarefa simples, demandando esforços contínuos e enfrentamento de obstáculos para alcançar uma sociedade mais justa e igualitária. Essas mudanças refletem em diversos aspectos da vida, como no acesso à educação de qualidade, à saúde e a empregos dignos, e ainda na representatividade política.
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