ARTIGO

AS PARALIMPÍADAS DIZEM NÃO AO CAPACITISMO. E VOCÊ?

sexta-feira, 10/09/21 16:39

Imagem: Freepik

O Brasil ingressou pela primeira vez nos Jogos Paralímpicos em 1972, mas passou a ter uma participação mais significativa a partir de 2008, devido aos investimentos do governo federal. Nas últimas três edições, o país ficou entre os dez maiores medalhistas e, na edição de 2021 dos Jogos, alcançou a sonhada 100ª medalha de ouro, conquistada pelo corredor Yeltsin Jacques nos 1.500 m T11 com direito à quebra do recorde mundial ao cravar 3min57s60.

Este ano, nossos atletas paralímpicos brilharam, alcançando a melhor marca brasileira no número de medalhas de ouro e terminando os jogos de Tóquio na sétima colocação.

As Paralimpíadas são uma conquista histórica das pessoas com deficiência que mostram a importância do incentivo do governo e de toda a sociedade para que, com muito treino e a dedicação necessária, os atletas consigam superar limites, quebrando barreiras e recordes. Essa é uma forma de desfazer o mito da incapacidade, tão arraigado socialmente.

O sucesso de nossos atletas paralímpicos e a visibilidade que os jogos trouxeram para as pessoas com deficiência tornam esta uma ótima oportunidade de discutir o capacitismo, que é a discriminação, o preconceito e a opressão que as pessoas com deficiência sofrem, principalmente quando se presume ou afirma, de forma explícita ou implícita, que elas não têm capacidade de fazer algo. E nas Paralimpíadas pessoas com deficiência mostram que são capazes de se tornarem atletas de alto rendimento, pois a deficiência não é o que os limita. O que pode limitar as pessoas com deficiência, não somente nos esportes, é a ausência de condições adequadas e as barreiras ambientais, físicas e atitudinais.

Infelizmente esse preconceito é pouco discutido e, até por isso, é muito presente em nossa sociedade, como vimos recentemente, quando o ministro da Educação afirmou que a inclusão de alunos com deficiência “atrapalharia” o aprendizado das “crianças normais”. É um atraso sem precedentes impor que alunos com e sem deficiência sejam privados do convívio no ambiente escolar, e consequentemente com a sociedade como um todo, negando a elas a inclusão e a autonomia.

Portanto, caros leitores, a melhor forma de celebrar o sucesso de nossos queridos atletas, que trouxeram tanta alegria e orgulho para todos nós nessa histórica edição das Paralimpíadas, é entendermos que as diferenças não criam hierarquias entre seres humanos, que as pessoas não devem ser consideradas segundo uma noção funcional; as diferenças são naturais e características da evolução da humanidade e, vencidas todas as barreiras e preconceitos, todos podemos ser capazes de grandes feitos.

Que abracemos essa causa da inclusão e da valorização de todas as pessoas com deficiência para que nossa sociedade seja mais justa e feliz!

Adriana Teodoro

Engenharia Civil e servidora efetiva do TJMG. Atualmente, é diretora de Assuntos Sociais, Culturais e de Saúde do SINJUS-MG e coordenadora do Núcleo da Pessoa com Deficiência (NPD).

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