Colunista do SINJUS destaca importância do ócio na vida moderna
quarta-feira, 19/10/16 13:00E NO SÉTIMO DIA DESCANSOU…
Li, recentemente, um texto do rabino Newton Bonder, no qual relaciona a depressão que se manifesta numa proporção cada vez maior e alarmante na sociedade como consequência dos tempos que vivemos, onde a pausa nos afazeres está cada vez mais ausente. Estamos mais e mais impelidos a fazer coisas – seja no trabalho ou por divertimento, há sempre algum movimento a ser feito.
Pausas para nada são raras. A parada do descanso puro e simples deixou de ser um direito natural para muitas pessoas.
Tenho observado, há tempos, que muitas pessoas adoecem por sua relação com o trabalho e pelas cobranças que se fazem. O mesmo ocorre também em relação ao seu desempenho familiar e até no comportamento em momentos de lazer.
Há uma crença no modo produtivo de viver que acaba nos colocando num modo contínuo incessante, movido por pressões objetivas externas, mas também internas, onde há sempre mais o que fazer, metas a cumprir, e cada vez menos conquistas a comemorar. Organicamente, esta maneira de funcionar é disfuncional, pois toda a vida natural é organizada enquanto pulsação, ou seja, se estrutura em contração e relaxamento. A alternância entre dia e noite, frio e quente são dois exemplos desta lei natural de ritmo, assim como a peristalse intestinal.
Sofrimentos como ansiedade, distúrbios de sono e digestivos são sinalizadores frequentes de preços pagos na saúde por este desequilíbrio. Citando também Domenico De Masi, sociólogo e pensador do trabalho no mundo atual:
É urgente reaprender o valor da pausa, do silêncio, do ócio. Seja para reposição da energia física e vitalidade, nos realinhando com nosso organismo; seja para visitarmos nosso mundo interior, com toda riqueza de respostas aos desafios cotidianos que tem a nos oferecer.