2013 x 2014: orçamentos comparados do TJMG
sexta-feira, 24/01/14 16:00O SINJUS-MG prepara-se para nova rodada de negociações com a administração do Tribunal. O ano de 2013 demonstrou-se fértil em iniciativas e em conquistas, em que pese os obstáculos de naturezas diversas colocados no caminho, argumentos de autoridade, ausência de diálogo aberto, apelos a dificuldades orçamentárias e financeiras, as quais, como sempre ocorre, acabam por revelar-se sem fundamento ao final de cada exercício, no fechamento das contas.
Nessas nossas considerações é o que procuraremos demonstrar, desmontando, sobretudo, um dos argumentos mais pesados, trazidos à mesa de negociações no curso das ações, qual seja “se atendidas as demandas dos servidores, o Tribunal teria se tornado um campo minado, inadministrável…”.
Inicialmente, vamos à tabela de dados comparativos.
ORÇAMENTOS COMPARADOS : 2013 x 2014 – em milhões
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2013 |
2014 | ||||
| ORÇADO | MÉDIA | REALIZADO | MÉDIA | ORÇADO | MÉDIA |
Pessoal | 3.246,7 | 270,5 | 3.143,5 | 261,9 | 3.410,9 | 284,2 |
Custeio | 715,7 | 59,6 | 623,6 | 52,0 | 822,5 | 68,5 |
Investimentos | 129,3 | 10,8 | 52,7 | 4,4 | 178,6 | 14,9 |
TOTAL | 4.091,7 | 340,9 | 3.819,8 | 318,3 | 4.412,0 | 367,7 |
As conclusões mais importantes relativamente a esses dados são:
1.em 2013, o orçamento executado ficou 272 milhões de reais abaixo do orçado (6,7%), sendo 103 em pessoal e encargos (3,2%), 92 em custeio (13%) e 77 em investimentos (54%).
Com certeza, o não acompanhamento adequado da tendência da execução no exercício é o principal fator que vem impedindo o remanejamento, em tempo hábil, das folgas previsíveis para outras dotações orçamentárias de importância.
2.essa iniciativa reveste-se de significado no Tribunal, sobretudo porque, dada a característica de seu orçamento “não-programático”, ou seja, em que prevalece sempre o histórico dos gastos como critério de orçar, o vício da superestimativa prevaleceria para 2014.
Note-se que, mesmo verificada a tendência de fraco desempenho na execução, os valores orçados para 2014, comparativamente ao realizado de 2013, agravam a questão.
O orçamento global cresce 15,5%, ou 592 milhões em relação ao realizado de 2013, sendo 267 milhões em pessoal e encargos; 199 milhões em custeio (média mensal de 68,5 milhões, contra 52,0 realizados); 126 milhões em investimentos (média mensal de 14,9 milhões, contra 4,4 milhões realizados).
No caso das despesas de custeio, por exemplo, em orçamento clássico, sua evolução nominal costuma pautar-se pela evolução dos preços. Enquanto o crescimento real dos gastos só pode referir-se a expansão das ações. Pois bem, como o crescimento nominal previsto para 2014 é de 32%, o orçamento deve estar projetando expansão de atividades superiores a 25%, espelhado no crescimento real do gasto.
3.é fácil, portanto, concluir pela brutal superestimativa de gastos para 2014, sobretudo em custeio e em investimentos, a qual, se não corrigida a tempo, ficará de novo demonstrada ao final do exercício.
Isso é grave?
Claro que sim. E não só para a instituição, mas também e sobretudo para a sociedade, destino primeiro da prestação jurisdicional.
Dotações superestimadas, e não remanejadas em tempo hábil para outros fins, comprometem a execução orçamentária do ponto de vista do ótimo da eficácia esperada no uso dos recursos públicos.
A não ser que prevaleça outra tese :”é preferível superestimar despesas do que passar o exercício negociando demandas de servidores”. Fica mais fácil negociar, sob o argumento de indisponibilidade orçamentária.
4.uma última observação, para finalizar.
No que se refere às fontes de recursos para 2014, 3.514 milhões provêm do Tesouro, ou 77% do total orçado; enquanto 898 milhões são recursos do Tribunal, ou 23% do total.
Houve tempos, não muito distantes, em que essa proporção chegava a 87/13, ou até mais, o que vem revelando, ano a ano, a intenção do Executivo de, cada vez mais, ir passando à conta do Tribunal seu próprio orçamento, como se a prestação jurisdicional, face às demais funções do Estado, fosse de menor valia.
Nesse caso, só a postura do Poder, revestida de importância e isonomia, contribuiria para inverter o quadro.