Perspectivas Previdenciárias no Brasil – Parte II

terça-feira, 17/03/15 16:00

*por José Moreira Magalhães

Como vimos anteriormente, o tema previdenciário é hoje uma preocupação universal, não só brasileira, motivada por um fenômeno demográfico que atinge a todos: diferentemente de épocas passadas com elevadas taxas de natalidade e morte precoce, em nossa era, as sociedades vêm envelhecendo.

Os avanços na educação e a disponibilidade de métodos contraceptivos reduziram a natalidade e os progressos da medicina e a assunção de hábitos mais saudáveis de vida vêm elevando a idade mediana da população.

No caso do Brasil, segundo o IBGE, nos próximos 35 anos até 2050, a pirâmide etária sofrerá profunda inversão, como se vê abaixo:

 

FONTE: IBGE (2013)

Isso significa que, em 40 anos, de 2010 a 2050, nossa população com 60 anos ou mais vai se multiplicar por 3,4 vezes. Do ponto de vista previdenciário, significa dizer que haverá muito mais idosos a serem sustentados por uma população ativa muito menor, em termos relativos.

Trata-se de enorme desafio macroeconômico e previdenciário, cercado, por outro lado, por uma lógica matemática draconiana.

 

a) os desafios macroeconômicos

– a promoção do desenvolvimento econômico, com geração de emprego e massa salarial, compatíveis com o aumento da demanda sobre os sistemas de previdência e de assistência;

– a expansão e a qualificação dos serviços de saúde e de assistência, levando a rede de proteção social sempre ao alcance de mais cidadãos, o que contribuirá para amenizar a carga sobre o sistema;

– a preparação para a mudança na dinâmica do mercado de trabalho, que, então, terá a característica de cada vez menos população em idade ativa disponível. 

b) a lógica matemática perversa do sistema previdenciário 

 

A equação de equilíbrio do sistema é cinicamente simples: 

RECEITAS = DESPESAS

O desdobramento dessa igualdade básica (R = D), é também de fácil entendimento, considerando-se que:

– R (as receitas) depende do valor médio das contribuições (c=alíquota versus salários) e do número de contribuintes do sistema (N);

– D (as despesas) depende do valor médio das aposentadorias (a=aposentadoria em relação ao salário da ativa) e da quantidade de aposentados (B). 

O equilíbrio do sistema ocorrerá quando:

                                                            ____________________ 

                                                                c x N =      a x B 

                                                            ____________________

 

Por que o baixo interesse político pela reforma previdenciária?

A condição de equilíbrio acima responde pela pergunta e pela dificuldade de implementá-la.

Quando o sistema está em desequilíbrio, significa que as receitas previdenciárias (R = c x N) são menores que as despesas previdenciárias (D = a x B).

A condição de volta ao equilíbrio imporá ao gestor uma ou mais das opções abaixo:

– aumento da alíquota de contribuição sobre os salários (c);

– aumento do número de contribuintes (N) ou sua manutenção por mais tempo em atividade;

– diminuição do valor dos benefícios (a);

– exclusão de beneficiários do sistema (B). 

 

Mas há iniciativas outras que podem ser tomadas, tanto do ponto de vista macroeconômico como do previdenciário, de modo a amenizar o ônus exclusivo sobre os trabalhadores. 

– dar sustentabilidade ao crescimento econômico para geração crescente de empregos e de massa salarial;

– melhorar a produtividade da economia e o salário médio da população ativa;

– dar qualidade à política fiscal, de forma a gerar mais potencialidade de aporte de recursos aos sistemas de previdência e de assistência;

– atuar na gerência do sistema, evitando fraudes e inconsistências;

– destinar ao sistema previdenciário todas as receitas que lhe são próprias. 

 

Qualquer que venha a ser o tamanho dos desafios, como dissemos, garantir segurança e proteção aos idosos é política pública e encargo fundamental do Estado.

No entanto, é cauteloso avaliar o que nos espera, a nós e a nossos filhos, dada a inapetência política para encarar e preparar as condições de superação do desequilíbrio crescente.

Em Minas, com a reforma previdenciária pública recente, inativos e pensionistas foram jogados na vala do FUNFIP, um fundo de natureza intrinsecamente deficitária, a depender dos bons humores dos gestores de plantão.

 

José Moreira Magalhães

É economista, com especialização em Planejamento Governamental; consultor em orçamento e finanças; e fiscal de tributos estaduais. Foi diretor de arrecadação, diretor do Tesouro Estadual e Diretor Financeiro do TJMG. Autor do livro "Desvendando as Finanças Públicas".

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